Natália Andrade

Apaixonada por vinhos, acredito que as coisas boas da vida devem ser brindadas. Encontre aqui dicas do que há de melhor no mundo da vitivinicultura.

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Vinhos espumantes

Vinhos espumantes

Os espumantes estão sempre presentes nas grandes celebrações, são por excelência o vinho das grandes comemorações. Associados às confraternizações e ao glamour, estes são uma bebida sofisticada, saborosa e que agrada a maioria dos convidados. O estourar da rolha transmite-nos alegria remete-nos à bons momentos, provocando uma sensação de prazer e felicidade. Seguramente esta é uma aposta acertada para quem quer fazer um brinde especial!

Conceito

A terminologia espumante emprega-se genericamente aos vinhos cuja efervescência provém de uma fermentação alcoólica conduzida em garrafa ou outro recipiente fechado, elaborado de acordo com os métodos admitidos por lei.

Características

O vinho espumante apresenta um significativo nível de dióxido de carbono proveniente da fermentação natural, o que dá origem às bolhas quando este é servido, a chamada perlage.

Produção

A produção de um vinho espumante compreende sempre duas fases. A primeira consiste na vinificação do vinho base e a segunda na espumantização. Existem diversas maneiras de se elaborar espumantes, no entanto para a fermentação natural deste tipo de vinho emprega-se normalmente um destes dois métodos: o “Mèthode Champenoise”, em que a fermentação ocorre dentro da garrafa, ou o “Mèthode Charmat”, no qual a fermentação ocorre fora da garrafa.

Método Champenoise

O método Champenoise, igualmente difundido como método “tradicional” ou “clássico”, consiste em proceder uma segunda fermentação de um vinho base, agora dentro da própria garrafa. Assim, nesta segunda fermentação as leveduras convertem açúcar em álcool e como resultado libertam gás carbónico, dando origem a perlage do espumante. Em seguida, o espumante passa por um processo de autólise e envelhecimento que pode perdurar meses ou mesmo anos, sendo este processo concluído com a retirada das impurezas por meio da remuage e do degorgement. Este método é mais artesanal e sofisticado, dando origem a espumantes de qualidade que apresentam perlage fina e persistente, bem como uma capacidade de evolução dos aromas e uma maior complexidade gustativa.

Curiosidades:

Este método foi desenvolvido no século XVII pelo monge beneditino Dom Pérignon, responsável pela adega da Abadia Saint-Pierre de Hautvillers, em Reims, na França. O monge após escutar do relato de alguns vinicultores de que alguns vinhos fermentavam mais uma vez depois de serem engarrafados resolveu estudar a bebida. Para desvendar os segredos que envolviam as técnicas desta segunda fermentação, o monge optou por utilizar garrafas mais espessas e rolhas atadas com arame de modo a poder estudar e controlar esta bebida até então desconhecida, o Champagne.

Ao monge Dom Pérignon são atribuídas as principais descobertas que contribuíram para a qualidade e prestígio do Champagne assim como o conhecemos, entre elas:

  • Separação e prensagem em separado das uvas tintas que predominam na região de Champagne, obtendo desta forma um sumo de uva cristalino.
  • A mistura de diferentes vinhos da região, alcançando um produto mais harmonioso (assemblage a mistura pode ser de vinhos de diferentes produtores ou mesmo colheitas).
  • A utilização de garrafas de vidro mais espessas capazes de suportarem a pressão da segunda fermentaçãoem garrafa;
  • O uso da rolha de cortiça em substituição ao antigo sistema de vedação em que se utilizavam pauzinhos de cânhamo embebidos em azeite; e
  • A concepção de adegas subterrâneas para o estágio do vinho a uma temperaturaconstante;
Método Charmat

Método mais económico quando comparado ao método Champenoise. Neste,  a segunda fermentação, para dar origem ao gás carbónico, se dá em cuba fechada (em tanques de aço inoxidável ao invés da própria garrafa), sendo posteriormente engarrafado sob pressão.

Curiosidades:

Este processo foi inventado em 1895 pelo enólogo italiano Federico Martinotti, mas foi patenteado em 1907 pelo francês Eugène Charmat.

Classificações

Os vinhos espumantes recebem diferentes designações consoante a região ou país de produção. Vejamos,

  • Champagne: vinhos espumantes produzidos na região de Champagne (França) através do método champenoise. Note-se que para o espumante ser denominado Champagne ele deverá ser produzido na região demarcada, uma vez que trata-se de uma Denominação de Origem, e ser elaborado necessariamente a partir destas três castas autorizadas: Pinot Meunier, Chardonnay e Pinot Noir. Pelo que todo Champagne é um vinho espumante, mas nem todo espumante será um Champagne.
  • Crémant ou Mousseaux: são espumantes produzidos na França, porém fora da região demarcada de Champagne (correspondem igualmente à uma Denominações de Origem, de modo que estão associados ao nome geográfico da região que reivindica esta denominação de origem – por exemplo, Crémant de Bourgogne, Crémant d’Alsace e Crémant de Loire).
  • Cavas: espumantes espanhóis que utilizam igualmente o método Champenoise a partir de das castas brancas Macabeo, Parellada, Xarel- lo, Subirat (Malvasía Riojana) e Chardonnay e das tintas  Garnacha Negra e Monastrell. Para a produção de Cava rosé é também permitido o uso das castas Trepat e Pinot Noir.
  • Prosecco: espumante de origem italiana. Também elaborado seguindo os métodos Champenoise ou Charmat, porém sempre a partir de uvas da casta Prosecco.
  • Asti: vinho espumante italiano produzido na região de Asti elaborado com uvas da casta Moscatel.
  • Franciacorta: outro vinho espumante italiano que também é protegido por uma Denominação de Origem, sendo ele produzido a partir das castas Chardonnay, Pinot Blanc e Pinot Noir cultivadas dentro da região demarcada (nas colinas da província de Brescia, Lombardia).
  • Sekt: denominação utilizada para os espumantes produzidos na Alemanha.
  • Sparkling Wine: é a denominação genérica dada aos espumantes pelos países de idioma inglês.

Classificação consoante ao teor de açúcar

Os espumantes também são classificados em relação ao seu teor açúcar. Assim, estes serão:

Nature: se apresentarem até 1 g/l de açúcar |Extra-Brut: se possuírem 1,1 à 6 g/l de açúcar |Brut: se expressarem 6,1 à 15 g/l de açúcar| Seco: se apresentarem 15,1 à 20 g/l de açúcar| Demi-Sec: se exibirem 20,1 à 60 g/l de açúcar| Suave: se apresentarem 60,1 g/l ou mais de açúcar.
Natália Andrade
blog.winelicious@gmail.com