Natália Andrade

Apaixonada por vinhos, acredito que as coisas boas da vida devem ser brindadas. Encontre aqui dicas do que há de melhor no mundo da vitivinicultura.

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Colecção de Rótulos

Colecção de Rótulos

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Muitos enófilos partilham um mesmo hobby, coleccionar elementos vínicos como garrafas, rolhas e rótulos. É comum encontrar enófilos com uma rica garrafeira em casa ou ainda com uma colecção de rolhas – nas quais costumam inscrever a data e o local do consumo para mais tarde recordarem os momentos especiais que mereceram um brinde. Porém, hoje vamos aqui falar sobre a colecção de rótulos de vinho, uma maneira distinta de recordarmos os bons vinhos que experimentamos, para além de nos permitir recontar a história do produto.

Os rótulos no tempo…

A história dos rótulos está intrinsecamente entrelaçada com a evolução social, económica e industrial. Os rótulos começaram a ser utilizados na segunda metade do século XIX (até então o vinho vendia-se a granel e as garrafas eram destinadas aos vinhos de safras especiais, não eram rotuladas e sim pintadas com giz, cal ou tinta… isso quando não eram feitas apenas marcações nas rolhas) e se popularizaram depois da Segunda Guerra Mundial, quando conquistou especial relevo na comercialização dos vinhos.

Na época em que os vinhedos europeus foram devastados pela filoxera, o mercado europeu viu-se confrontado com a fraude e adulterações dos vinhos, bem como a utilização de rótulos enganosos no intuito de impulsionar o comércio que estava fragilizado devido a escassez do produto. Neste período propagaram-se legislações regulando o sector, definido o produto e demarcando as áreas de produção, numa tentativa da lei assegurar a fiabilidade e inocuidade do produto.

Assim, a história dos rótulos recebeu influências do contexto social, pelo que nesta época começaram a surgir, pela primeira vez, rótulos com determinadas características (legalmente previstas) que garantiam a genuinidade do produto (ainda que não pudessem garantir, necessariamente, a qualidade desejada) para as classes privilegiadas que consumiam a bebida.

Depois da Segunda Guerra Mundial, o mercado de vinhos atinge novos mercados, nascem novas zonas produtoras, o chamado Novo Mundo Vitivinícola, acirrando a competitividade no sector, pelo que há uma mudança de paradigma e o engarrafamento e a rotulagem entram em voga, sendo crescente estas práticas. Quer dizer, se antes os rótulos eram utilizados pontualmente, em condições especiais, agora passariam a se tornar imprescindíveis no adorno das garrafas e, cada vez mais, estes se tornam esteticamente apelativos, sendo percebido como um instrumento indispensável na construção da imagem do produto e da identidade das marcas, desempenhando um papel de relevo e de influente contributo no sucesso de um vinho entre os consumidores.

Rótulos

Através dos rótulos somos capazes de perceber a evolução do mercado vitivinícola. No passado, estes dísticos se apresentavam repletos de pormenores, ostentando brasões e cores metalizadas, de modo a enaltecer as casas produtoras e seguindo os padrões estéticos dos consumidores do Velho Mundo Vitivinícola. Actualmente, estes apresentam traços mais contemporâneos, embora não tenham perdido a sofisticação que é intrínseca a esta bebida, de modo que os rótulos mais tradicionais passaram a dividir prateleiras com aqueles que utilizam impressões em 3D, tipografia minimalista (seguindo os padrões estéticos do Novo Mundo Vitivinícola) e cores mais femininas (indício da importância deste público para o sector) e vibrantes (normalmente empregue nos vinhos jovens em referência ao vigor que encontraremos no produto ou como forma de atrair os consumidores mais jovens ou mesmo reflectir a descontracção e o dinamismo das novas casas produtoras que embora produzam vinhos de qualidade ainda não possuem uma tradição secular).

Hoje em dia, a diversidade estética dos rótulos é grande e através de uma colecção conseguimos perceber a evolução dos padrões estéticos ao longo do tempo e os traços culturais que cada mercado consumidor exige que estejam reflectidos nos rótulos para que o produto possa ser bem recebido. As técnicas empregues na criação dos rótulos se desenvolveram e a acirrada concorrência nos mercados consumidores impulsionou a qualidade dos rótulos – para a felicidade dos coleccionadores que agora encontram uma grande diversidade de estilos que enriquecem as colecções!

Como organizar a sua colecção

  • Os rótulos podem ser catalogados por região, tipo de vinho, ano, casa produtora, castas e etc;
  • Caixas ou pastas são óptimas opções para acondicionar a colecção;
  • Para os mais entusiasmados, uma alternativa é utilizar os rótulos como elementos decorativos, transformando a colecção em belos quadros.
Natália Andrade
blog.winelicious@gmail.com