O meu primeiro contacto com o mundo dos vinhos se deu no processo de elaboração da minha Dissertação de Mestrado. Imagino que muitos estejam se perguntando: “o que uma jurista pode ter a ver com a vitivinicultura?” Pois bem, passo a explicar….
Na época, sabia que queria escrever sobre o Direito de Propriedade Intelectual, mas tinha como premissa escrever sobre algo que fosse ainda pouco explorado dentro deste ramo de Direito e que me possibilitasse abordar também alguns aspectos económicos, visto que o Mestrado escolhido tinha esta vertente. Foi então que surgiu a ideia de escrever sobre Denominações de Origem e Indicações Geográficas, figuras jurídicas deste ramo de Direito menos exploradas na literatura académica quando comparadas às marcas e patentes, por exemplo.
Para exemplificar a utilização prática destas figuras, escolhi o vinho, por ser este um produto milenar que intercepta a história de vários povos, permitindo assim estudar a evolução desta figura jurídica e também traçar um estudo de Direito comparado entre o sistema jurídico do meu país de origem, o Brasil e do país onde estudei e que é minha segunda casa, Portugal.
A Dissertação teve como tema: “As Denominações de Origem e as Indicações Geográficas e o Desenvolvimento socioeconómico”. Neste trabalho tive a oportunidade de debruçar-me sobre as regiões portuguesas do Douro e Alentejo e as brasileiras da Serra Gaúcha e Vale do São Francisco. Desde então o “bichinho do vinho” ficou em mim e esta paixão só tem crescido a cada nova descoberta.
Essa temática surgiu de maneira inusitada, mas costumo dizer foi um presente de Deus à minha porta. E sim, posso assegurar-lhes que no fim das contas o Direito se relaciona muito bem com este universo encantador e fazem uma parceria de longa data!
Na sequência da Dissertação, felizmente, tenho tido a oportunidade de trabalhar nesta área, escrevendo sobre o tema aqui no Winelicious, bem como em artigos científicos e livros. Desde 2014, ainda tenho tido o privilégio de participar e apresentar um pouco do meu trabalho nos Congressos Mundiais da Vinha e do Vinho organizados pela OIV (Organização Internacional do Vinho) realizados em diferentes países – Argentina, Alemanha, Brasil, Bulgária e Uruguai.