27 Jun Enoturismo, um meio de autenticidade e diferenciação
O turismo em Portugal tem crescido nos últimos anos, os prémios internacionais têm sido recorrente, muitas publicações internacionais a colocarem o país nos holofotes, pelo que temos presenciado um aumento significativo de visitantes, das opções de alojamento e o impulso que o sector tem dado no desenvolvimento da economia nacional depois de anos de recessão.
Em paralelo, temos verificado ainda que o vinho entrou na moda, são cada vez mais pessoas interessadas pelo produto, de modo que inúmeras vinícolas têm se preocupado em oferecer uma ampla oferta de serviços de enoturismo como reflexo do posicionamento dos seus vinhos, trazendo estes consumidores para perto, abrindo suas portas e dando a conhecer todo o processo de elaboração da bebida, sua história e suas gentes.
Assim, somos testemunhas do incremento que houve nos últimos tempo nas ofertas de enoturismo em Portugal. Cada vez mais alojamentos estão associados ao turismo do vinho, encontramos mais profissionais capacitados no sector, uma maior oferta de cursos superiores voltados para o sector do enoturismo, bem como um maior espaço deste tema nos veículos de comunicação. Todos estes factores em conjunto possibilitam o enoturismo se desenvolver e aprimorar. A questão que agora fica é a de saber se conseguiremos identificar para já como serão as inovações e as novas tendências nesta área, tendo em consideração que o sector dos vinhos está fortemente ligado às tradição e ao status. Haverá espaço para um enoturismo massificado?
Por outro lado, apesar da melhora significativa nas instalações, nos métodos de vinificação, no preparo para receber o público, ainda há espaço para melhoras. Há vinícolas que ainda não ficam abertas à visitação nos Domingos – quando muitos teriam disponibilidade para visitar; que não oferecem um website atractivo e com uma informação clara, para além dos serviços que podem ser mais diversificados, mais personalizados para não dar aquela sensação de que conhecida uma vinícola já se tem uma ideia geral do que se encontra por toda a rota dos vinhos que se está a visitar.
Autenticidade
A autenticidade é um atrativo que move os turistas. Se um produto ou projecto é autêntico, onde só pode ser encontrado num determinado lugar, o turista tende ao impulso de deslocar-se para descobri-lo, ainda que esteja num local mais retirado. Há regiões vitivinícolas que dão ênfase somente ao terroir, à arquitectura e os elementos tradicionais da região, outras ampliam seus horizontes fazendo um elo de ligação entre o vinho e outras actividades culturais – gastronomia, desporto, literatura, etc.
Enoturismo para além das Adegas
Já pensou que o enoturismo não precisa ficar vinculado às vinícolas e às rotas dos vinhos? Portugal recebe anualmente imensos turistas que são atraídos pelas belas paisagens e praias, de forma que as provas, os eventos dos sector e festividades podem ganhar novos palcos, explorar novos cenários, proporcionar experiências diferentes, menos óbvias e que sejam capazes de atrair olhares para esta joie de vivre. Vamos confessar que não nos parece que existam muitos turistas no Algarve interessados e dispostos a “perderem” um dia ao sol com a família para se deslocarem até uma adega para ver barricas, ter com uma aula sobre a produção de vinhos e provar 3 a 5 taças. Contudo, podemos concordar que estes mesmos turistas estariam provavelmente interessados em desfrutar de uma experiência vínica (próxima ao hotel que estão hospedados) num terraço com vista mar, ao pôr do sol, com boa música e bons vinhos.
Há muitas oportunidades a serem ainda exploradas num país que oferece uma ampla ofertas de vinhos e que é tão propício em atrair turistas. É uma questão de conciliar interesses, empregar a criatividade e está aberto ao novo. Vale ainda ressaltar que o enoturismo deve ser inclusivo e ser capaz de oferecer actividades aos mais novos até aos mais velhos, abraçando assim toda a família.